domingo, 27 de setembro de 2009

S. Vicente de Paulo, presbítero



Foi nas Landes, em Pouy, nos arredores de Dax, que nasceu em 1581 o jovem Vicente de Paulo, terceiro dos seis filhos de modestos lavradores. Dos longos dias passados no meio da natureza, na guarda de rebanhos, lhe veio o gosto da solidão e do recolhimento.

As instâncias do pároco e do juiz, impressionados com a viva inteligência de Vicente, mandou-o seu pai para o colégio em Dax, onde fez rápidos estudos e se definiu a sua vocação.

Ordenado em 1600, com vinte anos incompletos, torna-se sucessivamente capelão de Margarida de Valois, pároco de Clichy, que transforma em paróquia modelo e preceptor na família de Filipe Manuel Gondi, general das galés, à qual acompanha nas suas deslocações; verifica então o que é a miséria dos lavradores e a insuficiência do clero rural e daí lhe nasce o sentimento da necessidade de evangelizar os meios rurais.

É nomeado pároco de Chatillon-les-Dombes, aldeia moralmente abandonada, numa igreja deserta, com uma população miserável, sob a influência protestante. Em pouco tempo tudo está transformado, moral e materialmente, prestando-se a população a auxiliá-lo. Funda então a primeira «Confraria de Caridade» destinada a «ajudar o corpo e a alma a bem morrer ou a bem viver».

De novo em casa dos Gondi, que o reclamam, põe em pé a Congregação da Missão, destinada a evangelizar aldeias, a qual em poucos anos cobre grande parte do solo da França. A completar a acção das Missões, desenvolve as Confrarias de Caridade, para o que chama o concurso de Luísa de Marillac, que com ele colaborará até à morte e recruta as Damas da Caridade.

Entretanto, como capelão das Galés, Vicente de Paulo toma contacto com as prisões, verdadeira imagem do inferno e consegue melhorar a sorte dos desgraçados presos, transferindo-os para lugar habitável, organizando visitas e socorros, tanto materiais como morais.

Para assegurar permanência nos socorros aos deserdados, institui as «Filhas da Caridade», origem das «Irmãs de S. Vicente de Paulo».

Ao mesmo tempo dedica os seus esforços à espiritualização do clero: daí nasceram, em diversos seminários, os «exercícios dos ordinandos», e também as «Conferências das Terças-feiras», destinadas aos futuros Bispos, frequentadas, entre outros, por Bossuet, que a Vicente de Paulo aplicava o dito do Apóstolo: «Se alguém fala, que as suas palavras sejam as palavras de Deus».

Junto de Luís XIII, de Ana de Áustria, de Richelieu e de Mazarino, desenvolve notável acção na escolha de superiores eclesiásticos e a sua actividade torna-se prodigiosa para acudir a todos os males: cria o orfanato, instrução, aprendizagem e colocação de crianças expostas; organiza um vasto socorro às províncias devastadas pela guerra, vencendo a fome, as epidemias e levantando ruínas.

Inteligência fulgurante, que lhe apresenta a raiz do mal a combater, vontade firme e privilegiado espírito de organização; tudo isto ao serviço dum coração a transbordar de amor fraterno, constitui o mais admirável exemplo terreno da «Caridade nas Obras».

Falecido em 1660, foi canonizado em 16 de Junho de 1737, vindo a ser proclamado por Leão XIII patrono das obras de caridade.

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